domingo, 28 de abril de 2013

PARA OS DISCENTES DO V SEMESTRE, ALAGOINHAS, CAMPUS II – AULA 01:

Mitos científicos, barragem de mitos. Discuta estes conceitos, tomando como base os textos de Joseph Ki-Zerbo e Elikia M´Bokolo. Não esquecer as definições da Antropologia contemporânea para o conceito de Mito.

8 comentários:

  1. De acordo com a antropologia contemporânea o conceito de Mito se baseia na questão da "raça", onde o indivíduo pode se considerar superior a um outro ser que não pertença a mesma etnia que a sua. Com relação a África, são vários os Mitos que cercam o seu passado, gerando uma série de debates e discussões sobre o tema.
    Segundo M' Bokolo, os homens de ciência
    construíram estereótipos que eram sustentados pela legitimidade "científica". Os pioneiros na escrita da história do continente africano foram os árabes e os europeus, o que fez com que algumas lendas tivessem uma vitalidade muito grande.
    No caso da África é visto que o contato com o Outro representa o paradoxo entre o supremo e o inferior, que era caracterizado pelo paganismo e pela falta de humanidade que era atribuída aos africanos por parte do branco europeu que visava transformá-los em mercadorias.
    Dentro do contexto dos mitos científicos pode ser observado que o conceito de "raça" foi forjado no período negreiro por homens que se embasavam na "ciência" ou nas questões ideológicas para afirmar a não-historicidade das raças africanas.
    É importante citar a teoria "hamítica" que atribui, de forma errante, o pertencimento de uma linhagem maldita, derivada de Caim da Génese aos negros da África tropical. Essa teoria buscou explicar toda desgraça ocorrida no continente e as consequências políticas enfrentadas pelo mesmo.
    No que diz respeito à civilização, pode ser observado que existe a tese radical de que a mesma foi introduzida no continente africano pelo exterior , que seria a Europa e todos os Estados que desenvolveram "civilizações superiores", como por exemplo: a Arábia e a Ásia Oriental.
    Deve ser levado em consideração o fato de que as narrativas dos historiadores não são transmitidas de forma real, ou seja, não ocorre a reprodução fiel dos acontecimentos, pois ocorre a construção dessas narrativas que são guiadas pelo preconceito e pela necessidade de "enfeitar" e "mascarar" a história.
    Um exemplo que define o ponto de vista da historiografia, que permeia a África com seus Mitos Científicos, é o da cor da pele doa povos do Egito faraônico que levanta a polêmica acerca da identidade negro- africana desses povos. Essa situação faz com que se dividam as opiniões entre correntes de estudiosos que defendiam que os egípcios eram negros e os que pregavam o embranquecimento dos mesmos.
    A partir da análise dos textos de Joseph Ki-Zerbo e Elikia M'Bokolo, é possível concluir que os Mitos Científicos estão representados na História da África desde os primórdios, no momento em que o estrangeiro europeu se disponibilizou a construir a narrativa sobre esse continente.

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  2. Segundo Ki-Zerbo, para os povos africanos a valorização do passado de seu continente trata-se da procura de uma identidade por meio da reunião dos elementos de uma memória coletiva.
    A expressão “barragem de mitos” reflete a posição de muitos historiadores em relação à concepção que nega a existência de fontes históricas africanas, como Hegel, por exemplo, que acreditava numa África sem História devido à ausência e/ou escassez de fontes escritas (recursos muito utilizados pelos estudiosos europeus).
    De acordo com Ki-Zerbo, o principal desses mitos é a passividade histórica dos povos africanos, e dos povos negros em particular. As maiores partes dessas extravagâncias resultam, evidentemente, do preconceito dos seus autores. Resultam também da conjuntura neocolonialista na qual estão inseridos em que mergulham ainda os países em que trabalham muitos desses investigadores.
    A expressão “barragem de mitos” acaba sendo a geradora de grandes confusões, desconhecimentos.
    Outro mito muito conhecido sobre o continente, e que Ki-Zerbo vem discorrer, é sobre a total ausência de fontes escritas em África. O fato da historia durante muito tempo ter sido construída principalmente com bases em documentos escritos, esse mito deve ter inibido muitos pesquisadores, já que se acreditava que em África não havia fontes escritas, tornando o estudo do continente muito mais difícil.
    A historiografia mais recente, principalmente com a ampliação da noção de fonte vem contribuindo significativamente para a desconstrução de vários estereótipos sobre a pluralidade do continente africano.

    Marina Pinto dos Santos
    V semestre de Licenciatura em História – Campus II/ Alagoinhas

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  3. Ironicamente, os mitos que diz respeito ao continente africano foram construídos pela ciência e, em certa medida, deu autenticidade aos equívocos fabulosos do senso comum, alguns deles insistindo em perdurar até os dias atuais até mesmo entre estudiosos do tema que são vitimas dos modismos intelectuais. Modismos esses que mais obscureceram o olhar dos historiadores, do que contribuíram para o exercício de sua profissão. E, como agravante, africanos com conceitos formatados dentro desse pensamento, sacramentam e autenticam algumas dessas posições carregadas de mitos.
    O olhar estrangeiro pautado na imaginação e na curiosidade, desde os gregos (com visões esporádicas tendo conceitos restritos a certas localizações), até os colonizadores, pintaram um quadro estereotipado da áfrica como sendo um lugar de miséria e guerras, disseminando-o pelo mundo. Esses sujeitos fossem eles missionário, comerciantes, traficante de escravos ou colonizadores, moldaram informações e criaram estereótipos de acordo seus interesses, se posicionando sobre um patamar de superioridade. Neste contexto surgem os que, falando em nome da antropologia, ciência esta que neste momento legitima o conceito de “raça” e coloca a África possuidora de uma raça oposta às outras raças e, numa escala hierarquizada, inferior a “raça branca”. Dessa forma estavam colocando, principalmente, a Europa no topo, dando legitimidade ao que se seguiu: uma exploração do povo e do continente africano com o pretexto de levar a civilização e ensinar a “verdadeira religião”.

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  4. Barragem de mitos, segundo o historiador Joseph Ki-Zerbo consiste numa barreira que impede o conhecimento do passado dos povos e da sociedade do continente africano. Para isso Elikia M’Bokolo chama de “mitos científicos” pois são conceitos fundamentados na ciência e ele entende mito como uma inverdade o que os antropólogos consideram um verdadeiro equívoco.
    Podemos citar algumas dessas ideias que impedem o conhecimento do passado do povo do continente da África: A divisão de duas Áfricas – sendo incomunicáveis tendo o Saara como principal obstáculo para a interação entre estes povos, por outro lado a existência de uma homogeneidade sócio-histórico-cultural, outra concepção e afirmar que o Egito não fazer parte deste continente, além da crença de que a origem de todos os negros brasileiros são de descendência africana.
    Estas entre outras visões são verdadeiras barreiras existentes que impedem a aproximação com a pluralidade da história dos povos do continente africano.

    Rosicleide P. de Souza

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  5. Durante muito tempo criou-se a ideia da impossibilidade de haver uma História do continente africano. Diversos estudiosos cujas correntes de pensamento elegeram a Europa como o centro da História, indevidamente excluíram a África da condição de entidade histórica. Vários percalços, construídos tanto por estudiosos como pelo senso comum, inviabilizaram uma análise mais profunda sobre este continente. A essas diferentes concepções que dificultaram a compreensão da História da África, Joseph Ki-Zerbo denomina "Barragem de Mitos". Os mitos podem ser encontrados em diversas culturas, sendo utilizados pelas crenças comuns como explicação para questões que não possuem comprovação científica. O que M’Bokolo aponta é que diversas construções históricas utilizadas pelo senso comum foram também legitimadas pela ciência, o que ele denomina “mitos científicos”. O autor coloca que “O trabalho dos homens de ciência produziu também de maneira mais insidiosa, ao das reconstruções históricas mais refletidas e mais duradouras, estereótipos tanto mais persistentes, pois apareciam aparelhados com todos os emblemas da legitimidade “científica” ou acadêmica, ao mesmo tempo em que confortavam o senso comum”. Assim, tanto KI-ZERBO quanto M’Bokolo, deslegitimam os mitos, e apontam para a reconstrução dessa história através da utilização de diversas fontes que trazem à luz toda a complexidade do continente africano.

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  6. O mito é uma narrativa de caráter simbólico que tenta explicar aquilo que não se pode explicar através de fontes e/ou provas concretas. O termo mito pode ser utilizado para se referir às crenças comuns (consideradas sem fundamento objetivo ou científico, e vistas apenas como histórias fabulosas de um universo particular) de diversas comunidades. A "Barragem de Mitos", definida por Joseph Ki-Zerbo, refere-se às diferentes concepções que precarizam e dificultam a compreensão e elaboração da História da África. Nesta mesma perspectiva, M’Bokolo surge com o conceito de “mitos científicos”, construções históricas legitimadas pela ciência e que assimiladas pelo senso comum, depreciou enormemente a História do continente africano. Diante das preocupações levantadas por estes autores, muitos aspectos importantes sobre a África foram considerados com a finalidade de reconstruir uma nova história em que se leva em conta fontes variadas, como: a geografia, a arqueologia, a tradição oral, a lingüística, a etnologia, dentre outras. A interdisciplinaridade e o cruzamento dessas fontes é de extrema importância na construção da História africana. Em suma, observa-se que Ki-Zerbo e M’Bokolo discutem sobre o mito como uma barreira para pesquisas sobre o continente africano. Portanto, ambos retratam o mito como um problema a ser combatido, os vários conceitos e ideias construídas sobre o continente africano que ao longo do tempo transformaram-se em verdadeiros obstáculos para os estudos sobre África.

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  7. Durante muito tempo a História da África foi feita a partir de concepções que reforçavam ainda mais a ideia de continente incivilizado, primitivo e atrasado. Os pesquisadores que se debruçavam sobre os estudos africanos não conseguiam ter outra visão, além desta. Até que alguns historiadores africanos como Joseph Ki-Zerbo e Elikia M’ Bokolo, intensificaram e cientificaram conceitos e ideias que seguiam a lógica histórica europeia. A “barreira de mitos” assim chamada por Ki-Zerbo impedia o conhecimento do passado dos povos e das sociedades africanas. Sendo assim, M’ Bokolo dialoga com Ki-Zerbo e cria a categoria “mitos científicos” em torno da História africana, sendo descritas como categorias fundamentadas na ciência, mas, vale salientar que ele toma a idéia de mito, como sinônimo de inverdade e essa afirmação para a grande parte dos antropólogos contemporâneos é um grande equívoco, tendo em vista que para M’Bokolo:
    “O trabalho dos homens de ciência produziu também de maneira mais insidiosa, ao das reconstruções históricas mais refletidas e mais duradouras, estereótipos tanto mais persistentes, pois apareciam aparelhados com todos os emblemas da legitimidade “científica” ou acadêmica, ao mesmo tempo em que confortavam o senso comum”.
    Enfim, Ki-Zerbo e M’Bokolo utilizam as categorias “barragem de mitos” e “mitos científicos”, para retratar a mesma situação, os vários conceitos e idéias construídos sobre o continente africano que ao longo do tempo transformaram-se em verdadeiros obstáculos que atrapalharam e ainda atrapalham um estudo mais aprofundado deste.

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