sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Aula 07 - 16/08/2011 - Os períodos coloniais do continente africano.

Para os discentes do VII semestre do Campus II - Alagoinhas:

Gostaria que discorressem a respeito dos períodos coloniais propostos por Roland Oliver e Fage, no tocante a periodização da história da colonização européia no continente africano. O que se pode falar a respeito de cada período? E quantos são?

4 comentários:

  1. Analisando os estudos sobre a história do colonialismo europeu em África, fica evidente que o processo de colonização pode ser dividido em três fases. A primeira vai da “partilha” (década de 1880), até aproximadamente 1919. A segunda corresponde ao período entre guerras e a terceira foi o momento das lutas dos africanos e africanas pela independência, que se inicia por volta de 1935. De acordo com Oliver e Fage, a primeira fase pode ser caracterizada como um período em que as potências coloniais europeias ainda não tinham uma política definida e os governos coloniais estavam preocupados, principalmente, em tornar os seus territórios auto-suficientes. Não obstante, Albert Adu defende que na primeira fase, a África assistiu, sob a perspectiva europeia, a realização da partilha do continente, depois a ocupação efetiva das regiões conquistadas, representada pela introdução de várias medidas administrativas e de um infra-estrutura rodoviária, ferroviária e telegráfica, voltada para a exploração dos recursos colônias. Então, ao contrário do que defende Fage – de que no início da colonização a Europa não sentia necessidade dos produtos africanos – Albert Adu demonstra que desde o início os europeus estavam interessados em explorar o continente africano. Dessa maneira, após 1880 houve um processo de consolidação e exploração do sistema colonial. Destarte, entre 1880 e 1935, a África teve de enfrentar o desafio do colonialismo. A segunda fase, para Oliver e Fage, pode ser caracterizada como o período em que quase todas as iniciativas importantes no continente africano foram tomadas por europeus e que durante esse período dificilmente se encontravam africanos em posições de verdadeira responsabilidade sobre seus territórios. Albert Adu demonstra que nessa fase, a maior parte dos territórios africanos, após inúmeros confrontos entre colonizados e colonizadores, terminou sob o domínio europeu, fazendo com que os povos africanos perdessem sua soberania. Mas, o autor destaca que as reações dos africanos e africanas não cessaram, mas ganharam forma de manifestações de protesto. Já a terceira fase, é caracterizada tanto por Oliver e Fage, como por Adu, como o período das lutas revolucionárias, que desencadearam na independência. Mas, vale mencionar que essas lutas não se iniciaram na última fase do colonialismo, ao contrário, ela resultou de um desenvolvimento gradual de lutas que vinham sendo travadas desde o início da colonização europeia. Nesse sentido, vale relembrar Albert Adu, que defende a ideia de que a maioria dos povos africanos foram profundamente hostis ao sistema colonial e reagiram as mudanças objetivando, principalmente, a defesa da soberania. E as estratégias de luta se deram de diversas maneiras.

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  2. Sim, a partir da afirmação de que a história da África é conhecida no ocidente por escritos que datam a antiguidade clássica. No entanto, vários povos deixaram testemunhos verossímeis da sua existência, além disso, o mais antigo fosse de hominídeos com cerca de 5milhões de anos foram encontrados na África. O Egito foi provavelmente o primeiro Estado a construir-se na África, há cerca 5000 anos foram encontrados na África. Mais muitos outros reinos ou cidades-estados se foram sucedendo neste continente. Se a história do mundo nos relata descobertas invenções e grandes feitos da humanidade nos relatam também a expansão do conhecimento e o avanço tecnológico, já que as histórias dos povos de África englobam a sobrevivência material, intelectual, etc. Desde a passagem do homem africano de caçador e coletor de frutas para a agricultura e pecuária. A agricultura Africana, no vale do rio Nilo, tem cerca de 18 mil anos sendo duas vezes mais antigas do que no sudoeste asiático. Enfim , as diferentes etnias africanas utilizaram de veículos diversos para propagarem seus saberes e suas visões de mundo.
    Alan Luiz
    campus II Alagoinhas, V semestre

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  3. A África pode ser considerado o continente mais pobre do mundo. Sua população foi vítima de toda a sorte de discriminações ao longo da história, e seu território foi ocupado pelos europeus em duas fases:

    A primeira: Se estendeu do século XV a meados do século XIX, caracterizou-se pela tomada de algumas áreas litorâneas, que funcionavam como entrepostos comerciais. Nessa fase, a ocupação tinha um caráter claramente mercantil, envolvendo sobretudo a troca de mercadorias por escravos.

    A segunda: Teve início com o fim do tráfico de escravos e a eclosão da Revolução Industrial na Europa, na segunda metade do século XIX. Caracterizou-se pelo processo de colonização propriamente dito, pois, considerada uma fonte de matérias-primas, a África passou a ser,gradativamente, ocupada pelos europeus.
    Os países europeus determinaram uma verdadeira partilha do território africano, oficializando essa fase colonial - denominada imperialismo - na Conferência de Berlim (1884-1885).
    Essa divisão arbitrária destruiu por completo as antigas estruturas sociais dos povos africanos. Ao delimitarem as fronteiras de cada região ocupada segundo seus próprios interesses, as potências européias desrespeitaram as antigas tradições africanas, tanto sociais quanto políticas, ora separando tribos, ora reunindo em um mesmo território tribos inimigas.
    Povos africanos de várias partes do continente foram submetidos a um poder político central (o governo colonial), o que não fazia parte de sua cultura. As colônias eram controladas pelos europeus que, juntamente com algumas tribos - aliadas a eles devido a promessas de poder - os auxiliava a subjulgar os demais povos africanos. Alguns deles se insurgiam, mas as rebeliões eram reprimidas violentamente pelos europeus.
    Os povos africanos foram deslocados de suas atividades tradicionais - caça, pesca e agricultura de subsistência - para aquelas que mais interessavam aos europeus. Foi implantado um sistema de exploração da mão-de-obra africana denominada plantation, a exemplo do que ocorreu nas Américas. Milhões de africanos foram deportados para trabalhar nas grandes fazendas que abasteciam os mercados europeus.

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  4. Segundo Oliver Fage, este sistema colonialista vai se assentar em três etapas distintas. A primeira refere-se à instalação das colônias, na perspectiva de extrair recursos para a metrópole, seja por meio de guerras ou por acordos diplomáticos. Anterior a inserção dos europeus no continente as economias dos países africanos baseava-se no comércio com outros povos, dispare ao modelo europeu. Assim a colônia ideal seria aquele que se auto-sustentasse, no sentido de evitar ao máximo os gastos das metrópoles com as colônias. Vale falar do discurso da civilização que representava a tônica harmonizadora do período colonial. Nesta fase inicial as colônias não consumiam ou absorviam consideravelmente os produtos europeus e foram lançados mão dos impostos, sendo que os financiamentos eram feitos pelas metrópoles. Objetivava-se mapear e conhecer os povos para depois dominá-los. Em seguida vai haver uma contensão dos gastos, pois os recursos que vinham da metrópole deveriam agora, ser produzidos pelas próprias colônias. Daí, reforço a idéia de um processo conflituoso, através de combates as sabotagens, levando ao aumento dos gastos e a subvenções. Os africanos não subjugaram ao sistema de forma imediata, pois ainda havia conflitos na líbia após 50 anos de dominação. Na segunda fase, vai predominar os governos indiretos- a exemplo da Inglaterra e da Alemanha- para utilizar os governos africanos a serviço do jogo europeu. Os funcionários administrativos tinham a função de manter a lei, a ordem e fiscalizar a cobrança de impostos. Assim prevaleceram os costumes pré-europeus, iniciativas privadas dos comerciantes e o estabelecimento dos governos pela idéia da assimilação. Destaca-se a participação missionária como peça chave na administração colonial, os quais mantinham a educação, a saúde e a moralidade. Durante o período das duas grandes guerras mundiais, ampliaram-se as estratégias européias e muitos dos governos africanos foram reduzidos a meras figuras decorativas ou mesmo como funcionários públicos secundários. Em paralelo, as cadeiras acadêmicas ou mesmo escolares foram ocupadas por africanos preocupados em assumir o comando de uma nova África. Na terceira fase da colonização, as colônias eram praticamente auto-suficientes e muitas linhas férreas foram construídas para facilitar o desenvolvimento econômico. Os sindicatos brancos temiam que os africanos adquirissem experiência, e que colocasse em risco esse monopólio branco. Houve uma verdadeira revolução industrial na África do Sul, ao contrário da África negra que permaneceu em desvantagem. Na crise de 29, as colônias africanas adquiriram grande valor econômico, pois deveriam suprir as necessidades de suas metrópoles. Houve uma revolução educacional e social que acompanhou o crescimento econômico da África; assim, de forma desigual os africanos começavam a se aproximarem do restante do mundo e a mergulhar num clima de independência- embora, nos dois extremos do continente a desenvoltura emancipatória tendeu a ser diferente.

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