sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Aula 05 - 06/08/2011 - A invenção da África.

Para os discentes do V semestre do Campus II - Alagoinhas, e do Campus V - Santo Antônio de Jesus:

Kwame Appiah, na obra "Na casa do meu pai", discorre a respeito da invenção de uma África diferente daquela realmente existente. De que África estamos falando? E quem são os africanos? Pede-se para comentar sobre as opiniões do autor, bem como da África presente nos discursos de setores do movimento negro brasileiro.
Ao mesmo tempo, deve-se levar em consideração as afirmações de Achille Mbembe, que adverte para o fato de que os africanos precisam admitir que as catástrofes que se abateram sobre a África não foram de responsabilidade exclusiva dos europeus. É preciso deixar de lado o lugar de vítima e admitir que tanto no Tráfico Atlântico, como no processo de invasão da África nos anos 1880 e 1890 os africanos foram co-partícipes.

12 comentários:

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  2. O continente africano teve como experiências a escravidão, o colonialismo, a subordinação de suas organizações sociais e a deturpação de seus conceitos culturais. Nesse mesmo embate se percebe que a revolução francesa foi um acontecimento que deu inicio a idade contemporânea abolindo a servidão e os direitos feudais e proclamaram os princípios universais de “liberdade”, “igualdade” e “Fraternidade” mas não impediu que o cenário africano permanecesse dentro de um domínio europeu.

    O autor APPIAH, Kwame Anthony em sua analise sobre a invenção da África ressalta que existem ainda hoje elites no continente africano que domina muito bem o francês muito mais até do que a língua oficial. O autor dentro dessas perspectivas destaca que a política colonial francesa, em linhas gerais queria transformar os africanos “selvagens” em negros e negras evoluídos. Na analise do autor fica evidente a submissão da África, onde a construção da identidade dependia do olhar do outro, da imposição social, da política pré-estabelecida e dos valores culturais impostos.

    Desse modo surgiram outros interesses que foram sustentando a idéia de que as imposições estabelecidas pelos tratados entre países industrializados serviram para redefinir os aspectos territoriais da África, o continente mesmo com a desordem social se apropriava de matérias-primas invejáveis.

    As mudanças foram visíveis no período da segunda guerra mundial, as grandes potencias européias começaram a priorizar seus interesses, as concepções na idéia descolonização e emancipação começaram a surgir. Os povos africanos com suas movimentações contribuíram para obtenção da libertação e da emancipação política.

    Em suma, as colônias africanas conquistaram através de muitos esforços e lutas a emancipação política da dominação colonial européia, esse processo histórico não para nesse contexto, ainda é necessário a reconquista plena da soberania, da autodeterminação e da dignidade cultural.

    ATT: Edite Lopes
    V semestre, Alagoinhas- Campus II.

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  3. Kwame Anthony Appiah analisa como idealizadores de um pensamento geral único para a África baseados nos conceitos de raça a questão da invenção do pan-africanismo e do pan-negrismo. E trás algo muito forte que é a língua inglesa como fator predominante no continente africano. Baseado nisso, justifica-se o uso da língua européia em função da unificação da linguagem para a construção de um projeto nacional. Um dos pontos principais deste plano seria a união em torno de um idioma ocidental, visto que havia inúmeros idiomas autóctones e também o idioma inglês seria “propício para os ensinamentos do cristianismo (protestantismo)”.
    Appiah deixa clara que os principais idealizadores do pan-africanismo eram afro-americanos, ou seja, negros dos EUA que com sua “bagagem” cultural e social passaram a pensar em um movimento único para os negros. Para Appiah, o conceito de “raça” sempre foi um princípio organizador geral de qualquer pensamento em torno de um pan-africanismo. Nessa perspectiva os fatores biológicos estavam estreitamente aliados aos fatores culturais quando se pensava nas diferentes raças.
    Conforme citado por Tiago em sua postagem, nesta perspectiva Mbembe afirma que para entender a dinâmica de um sujeito histórico, não se pode cristalizá-lo, deve-se analisar o individuo alem do motor marxista vitima e dominador. Com essa bela explanação do autor, percebe-se que não se pode essencializar uma sociedade apenas pelo motor de luta de classes. Existem outros fatores que farão enxergar a profundidade de uma sociedade como: cultura, religião, entre outros. Neste sentido Appiah discorre que solidariedade de classe é muito mais importante do que própria raça. Comenta ainda que o valor de uma pessoa é determinado pelo seu caráter. Por outro lado no sentido organizacional a raça é tida como o principal valor cultural de um povo.
    Não se pode perder vista que falamos é uma África dominada pelo preconceito e pela descriminação e marcada pelo Pan-africanismo, com sua visão européia que via a África como um continente essencialmente negativo sem cultura, ignorante, tradicional, sem civilização ou seja, um povo selvagem tido como “bárbaras e pagãs”.
    Em sues comentários Edite cita muito bem que dentro dessas perspectivas o autor destaca que a política colonial francesa, em linhas gerais queria transformar os africanos “selvagens” em negros e negros evoluídos. E que na analise do autor fica evidente a submissão da África, onde a construção da identidade dependia do olhar do outro, da imposição social, da política pré-estabelecida e dos valores culturais impostos.
    Neste sentido Appiah traz as diferenças entre racismo e racialismo - racismo extrínseco e racismo intrínseco, algo muito presente na invenção da África e algo também impregnado em nossa sociedade brasileira, que é o preconceito racial. Segundo Appiah o racismo está ligado à questão de como o mundo é e não como gostaríamos que fosse. E em se tratando de racismo ele apresenta duas questões: o racismo extrínseco e o racismo intrínseco, Neste ponto entra a questão dos acreditam “que cada raça tem um status moral diferente, independentemente das características partilhadas por seus membros”.O “intrínseco declara que certo grupo é objetável, sejam quais forem seus traços”. Já o “extrínseco fundamenta suas aversões em alegações sobre características objetáveis”. Para ele, ambos os racismo deveriam ser esquecidos.
    Por fim, apesar das conquistas alcançadas pelas colônias africanas através de muitos esforços e lutas para se livrarem da dominação colonial européia, creio que ainda terá muito que fazer pela reconquista da soberania, da autodeterminação e da dignidade cultural daquele povo, pois infelizmente o contente africano ainda não é visto de maneira digna de um povo que também tem a sua história e que mesmo com todas as imposições são capazes e propulsores da sua própria história.

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  4. Por ter como objetivo abordar o tema da África na filosofia da cultura, Appiah mostra como os estudiosos da cultura e da sociedade pensaram, e ainda pensam, a África a partir de conceitos centrais, como os de “raça”, “pan-africanismo”, “nacionalismo” e “identidade africana”.
    O autor diz que todos os problemas do qual o livro trata, seriam heranças de seu pai: o pan-africanismo e o apego múltiplo a suas diversas identidades “achanti, ganes, africano, cristão e metodista”.
    Colocada suas motivações para se aventurar diante de um processo tão complexo como é a compreensão da África na filosofia da cultura, Appiah questiona a idéia da existência de “raças humanas” e de como a diversidade cultural africana ficou reduzida e limitada com a experiência da construção de uma identidade africana.
    Defendendo a idéia de que é necessário repensar a política pan-africanista, o autor trata de como o conceito de “pan-africanismo” se desenvolveu baseado no conceito de “raça”, iniciado, primeiramente por autores afro-americanos.
    Appiah atenta para a freqüente relação existente entre nacionalismo africano e o conceito de raça e de como tal ligação é ignorada pela maioria dos estudiosos. Segundo ele, o conceito de raça é o objeto central de toda a visão de Alexander Crummel, que é considerado o pai do nacionalismo africano e do pan-africanismo. Nesse discurso, a África passou a ser considerada como a verdadeira “pátria” da raça negra e que existiria um destino comum para os povos desse continente, justamente por pertencerem à mesma raça.

    Alan Luiz
    Campus II-Alagoinhas, V semestre

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  5. Celo Borges Santos
    V Semestre


    Nota-se que em poucos Estados negros africanos tiveram o de corresponder a uma única comunidade lingüística tradicional, mas por isso, quase todos os escritores que procuraram criar uma tradição nacional, transcendendo as divisões étnicas dos novos Estados africanos, tiveram de escrever em línguas européias ou correr o risco de ser vistos como particularistas e identificados com as antigas fidelidades e não cem as novas . A situação lingüista é de suprema importância na vida dos intelectuais africanos, e na grande parte dos cidadãos dos Estados africanos que suas elites dominantes fossem orientadas e constituídas por intelectuais eurofonos. Os africanos eram entendidos e vistos por uma base nacional onde a raça seria o elo que os uniriam por uma solidariedade entre esses africanos, com traços e costumes comuns. O autor defende ao contrario, que os africanos não tem em comum uma cultura, religião ou língua comum, e defende Também que os africanos tem problemas e projetos demais em comum para ser confundidos por somente uma base de solidariedade.
    Já a questão das catástrofe da África, nota-se que quando os europeus chegaram ao continente africano, já existia a escravidão, um outro ponto é que o racismo e a depreciação da imagem do africano, não é uma criação européia. Outra questão é que, antes do trafico atlântico, houve o comércio de escravos através do Saara e da Costa Índica.

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  6. Appiah, para entender os nacionalismos dos países africanos, parte para uma análise da relação existente entre nação, raça e literatura, para isso examinou as ideias de teóricos e críticos da literatura africana e como a identidade estava apresentada e representada nessas obras. Assim, ele afirmou que os autores africanos construíram uma literatura essencialmente nacional, desconstruindo a ideia de ser universal, possivelmente com a intenção de se proteger das influencias europeias – apesar de utilizar suas línguas - e para fortalecer sua identidade. O problema criado por essa postura está no reducionismo e simplificação da diversidade cultural existente no continente africano.
    Outro ponto de analise do autor é com relação à moderna filosofia e religião africana entendida como tradicional. A partir disso ele propõe uma visão da modernização da África através de dois campos, o provincianismo e a universalidade. Apesar de refletir sobre esses dois, Appiah deixa evidente sua preferencia pela justa-medida e chega a conclusão de que os africanos só resolverão seus problemas se encararem eles como problemas humanos, relacionados com uma realidade especifica e não como problema africano, encerrando assim com os estereótipos criados com relação as adversidades africanas.

    Alisson C. SOledade - Campus V

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  8. A Invenção da África
    Achille Mbebe, em seu texto, as formas da auto-inscrição, retrata da necessidade de descolonizar a história da África, dos vícios da colonização européia. Especificamente, o autor aponta para o perigo de colocar a África sobre o tripé: escravidão, colonialismo e apartheid, devido os sujeitos históricos neste assunto estarem vitimizados. Mbembe afirma que para entender a dinâmica de um sujeito histórico, não se pode cristalizá-lo, deve-se analisar o individuo alem do motor marxista vitima e dominador. Nesse sentido, Mbembe é um critico feroz ao marxismo que polariza as relações históricas como uma luta de classes constantes, provocando um drástico reducionismo para a interpretação dos fatos históricos. É preciso, segundo a opinião do historiador, observar a história também de forma harmônica. Assim, faz-se necessário admitir, que os africanos fizessem parte do colonialismo com os europeus, não somente como vitimas, mas também como algozes. Com esses posicionamentos, Mbembe, afirma para os historiadores Africanos desacralizar, que os europeus foram os únicos responsáveis pelo tráfico atlântico. Antes de tudo, se ele foi possível, foi graças aos nativos fazerem parte. Assim, o marxismo não dá conta das perspectivas sócias das sociedades do continente africano, que não são estáticas, como mocinho ou bandido, mas são fluidas, como todo fenômeno produzido pelo homem.

    Tiago - Uneb, campus V

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  9. A imagem do continente africano que conhecemos é distorcida seja cultural, social ou politicamente do que de fato é e, esta imagem tornou-se uma propriedade comum de grande parte da humanidade. Além disso, isto é reforçado de várias maneiras, entre elas, a metade da população da África vive em países em que o inglês é uma língua oficial.

    Crummell ratifica as colocações supracitadas na idéia negativa da cultura tradicional da África, anárquica, desprovida de princípios e ignorante, e definida, dada a ausência de todos os traços positivos da civilização, como “selvagem”; os selvagens dificilmente têm alguma cultura. Isto, pode ser notado no conceito antropológico evolucionista, esta idéia persiste.

    Segundo Appiah, o preconceito racial, no século XIX, não decorreu simplesmente de um sentimento negativo em relação aos africanos. Deve-se ressaltar todas as contribuições africanas para outros povos. Sendo assim, se faz necessário afirmar que a África é composta por uma diversidade de povos e culturas.

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  10. Citado por Appiah, Crummel que é considerado por muitos como um dos pais do nacionalismo africano, parte de uma visão pan-africanista, ou seja, a idéia de uma África homogênea e unitária, de certo modo, com uma unidade política natural, que segundo ele se definia pelo fato de a África ser a pátria dos negros.
    Assim como o pan-africanismo, a negritude surge pela suposição da solidariedade racial dos negros. No período anterior à Guerra, os africanos coloniais passaram pelo processo de racismo europeu que mais tarde com o racismo nazista desencadeou uma visão que priorizava a raça como princípio organizador da solidariedade política, tornando mais difícil abdicar da questão da raça enquanto noção.
    Os pan-africanistas do pós-guerra tinham um problema político que era o que fazer com a situação do negro, pois, os africanos não aprenderam com os nazistas o perigo do racismo, mas a falsidade da composição entre uma modernidade européia humana e o barbarismo do mundo não-branco.
    A África que se faz presente em grande parte dos discursos do movimento negro brasileiro está vinculada à concepção de que os negros inegavelmente são descendentes de africanos e essa questão é reafirmada à todo momento, inclusive por pessoas que não fazem parte do movimento. Apesar de algumas discussões desconsiderarem a atribuição sempre feita à África quando se trata do passado dos negros no Brasil, acredito que esta tem seu grau de importância no que tange à questão de auto-afirmação e construção da identidade.

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  11. Alana Teixeira de Sena - História V
    UNEB - Campus V

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  12. África negra: história e civilizações - Tomo I (até o século XVIII) Elikia M´Bokolo , 2009 EDUFBA 1ª edição

    Capitulo I - Parte III

    III A emergência das civilizações africanas

    As sociedades africanas foram a base das primeiras civilizações. As primeiras populações, portanto foram agrupamentos de humanos, que estiveram ao longo dos séculos, se misturando uns com os outros. Esses grupos, portanto, se reuniam, por critérios sociais e culturais e não pela aparência física, segundo o autor, difíceis de precisar.
    A história da África, portanto, e uma história de longa duração com vários séculos, que remontam as origens da humanidade, teses difusionistas, sobre esse continente, diziam que ele recebeu influencia externa e adaptou seus territórios, hoje, no entanto, entende-se, que esse processo se deu no interior da África e seus diversos territórios, se desenvolveu por influencia de fatores externos. Desde o aparecimento da agricultura até à transformação dos metais.
    Numerosas pesquisas e trabalhos feitos pelo soviético N. I . Vavilov e Rolan Porteses reconstruíram o processo que gerou a cultura dos vegetais e da criação de animais, passando do Oriente, Europa e África, mostrando evidencias endógenas durante o processo. Esses processos portanto foram de mudanças, dos meios e dos ecossistemas, criação de utensílios culturais, materiais e intelectuais, oscilação climática e alterações nas paisagens e ecossistemas do continente africano, e o desenvolvimento de praticas agrícolas.
    Foram encontrados sítios arqueológicos que indicam o trabalho com a metalurgia do ferro, o autor explica como foi transmitida e como se desenvolveram novas técnicas e essas se difundiram pelo continente, muitos argumentos foram contrários à origem da metalurgia, ter surgido na África. Essa tese contraria, vai perdendo força na medida em que se multiplicam as provas, obtidas pelos geólogos no uso da datação por carbono, e mostram toda a fragilidade das teses “difusionistas”. Essas descobertas, portanto, mostram datas mais antigas sobre a metalurgia do ferro, e de sua ligação com um poder politico muito bem elaborado, ex: encontraram no tumulo de um príncipe do século IX, detentor de poder politico e religioso eminente. Esses sítios, portanto foram encontrados no oeste-africano e tem em comum a metalurgia do ferro, continuidade do povoamento com mudanças, econômicas, politica e espiritual de grande alcance.
    O autor relata sobre, os primeiros estados africanos, sua organização, bem como sua evolução estrutural. Cita como ex: os estados de Kush e Axum, arqueólogos e historiadores, procuram as origens das relações com outras partes do mundo, bem como as influencias da civilização egípcia na língua, crenças e instituições ao longo do curso da história. Esses trabalhos identificaram grupos e evidencias materiais como cerâmicas, túmulos, objetos de cobre, a arqueologia ainda, revelou dinastias e sepulturas de príncipes do século XVI a.C.

    Por fim a descrição de formações politicas, dos estados e a autoridade dos faraós, a crônica politica de Kush, segundo o autor ainda e mal conhecido, textos sobre essas civilizações, portanto foram encontradas, em inscrições meroiticas ou signos hieróglifos, assim como a formação dos espaços políticos da África.

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