sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Aula 02 - 07/07/2011 - Problemas de periodização da História da África – quando começa o tempo contemporâneo da África?

Para os discentes do campus II - Alagoinhas:

Pode-se afirmar que o tempo contemporâneo do continente africano se inicia no recorte já consagrado, que tem como marco o ano de 1789? Quando começa o tempo contemporâneo em África? Com as independências, nos anos 1960? Com o fim da II Guerra Mundial, quando começam os movimentos pró-emancipação das colônias? Ou com a Conferência de Berlim, que marcou o episódio conhecido como partilha? Com a palavra, vocês...

9 comentários:

  1. Os debates acerca da periodização da História da África nos remete a uma crítica, a principio, ao modelo ocidentalizado de temporalização. Logo, o ano de 1789 que tem como marco a Revolução Francesa, não tem representatividade nenhuma no continente africano. Ki-Zerbo, fazendo uma crítica até da data da colonização, enquanto marco temporal para delimitar uma possível temporalização da África, sugere a periodização da História Africana pautada "nas divisões de base que englobem as grandes épocas históricas dominadas pelo mesmo complexo de fenômenos." (KI-ZERBO, p.32). Entretanto, como o mesmo autor enseja, tal periodização consiste apenas em um modelo operacional, metodológico, para maior "comodidade". De tal modo, podemos considerar subjetivamente variadas temporalidades para o continente africano. Compactuo, pois, com o argumento de Ki-zerbo, na relativização metodológico-temporal da História do continente africano, embora considere, a partir dos debates travados em sala de aula, voluntária ou involuntariamente, o marco central para o tempo contemporâneo de África a Conferência de Berlim, pois, se por um lado considerarmos a pouca participação política européia no continente até os fins do século XIX; por outro com a Conferência de Berlim a intensificação da participação dos mesmos começa a se intensificar a partir de tal período. Em suma, toda e qualquer periodização é orientada como eletiva de marcos definidores, sendo arbitraria sócio, política e economicamente. Portanto, ao partilhar a história da África de tal forma, estamos consagrando momentos considerados importantes para a história do continente e, como toda seleção perpassa por uma exclusão, reitero o argumento relativizador da periodização da História da África.

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  2. A discussão entorno do período contemporâneo da África tem levantado intenso debates pelos estudiosos da África. Com efeito, o autor Ki-Zerbo considera que o período contemporâneo da África começou com a Conferência de Berlim, quando as potências européias da época dividiram o continente africano entre si. Sendo assim o ano de 1789, que caracteriza a Revolução Francesa em nada significou para o continente africano. Nesse sentido, acredito que o modelo quadripartite europeu não se encaixa na periodização da África. Corroboro com a idéia do colega Rafael elencado no pensamento de Ki-Zerbo na necessidade de relativizar a temporalização da história africana. A partir de um modelo metodológico operacional para melhor compreensão da História de África.

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  3. É interessante começar colocando novos questionamentos: “Quais os parâmetros para se definir uma temporalidade para a África, Ásia, Brasil ou Europa... etc.? Seria por aquilo que tem relevância histórica para estes continentes ou se deve copiar uma cronologia de outro local? Caso exista um conjunto de marcos cronológicos que se queira universal, deve uma região adotá-lo para organizar a sua história?”.
    Talvez não seja necessário responder a todos os questionamentos colocados acima para resolver o problema posto pelo nosso mestre. No entanto, é preciso tomar os mesmos como uma provocação aos nossos livros didáticos que trazem uma organização quadripartite, talvez sem serventia mesmo para todas as áreas da Europa. Tenho poucas dúvidas sobre isso.
    É preciso ficar claro que a África tem seu próprio tempo histórico e a cronologia com função metodológica utilizada para a história da Europa não se encaixa na daquele continente. A existência de um quadro cronológico universal é uma falácia, e até mesmo o utilizado para demarcar a história de uma região, ainda que seja na África, pode não servir para um outro território nesse mesmo continente (sobre esse tema, ver: KI-ZERBO, 2009, p. 33).
    O professor e o pesquisador que não levam o fator das especificidades em conta estão aplicando um conceito de cronologia que não explica bem os fatos ou processos históricos do continente africano. Por tanto, não devemos utilizar o recorte do ano de 1789, que serve para algumas partes da Europa, para marcar o tempo contemporâneo em África.
    Como um uso esquemático e metodológico para marcar o tempo contemporâneo em África é mais apropriado o ano da Conferência de Berlim. Certamente, esse episódio da diplomacia européia teve mais conseqüências para os africanos, ainda que drásticas, do que a Revolução Francesa de 1789, e seus ecos são sentidos até hoje. Marca, pois, o início do tempo contemporâneo.
    Enfim, deve-se adotar o marco proposto, pois o ecumenismo de uma revolução nem sempre é defendido por seus líderes, mas pelo historiador que os organiza na história e que fala a partir de um lugar social. E sua cronologia (a da Revolução Francesa de 1789), quem a quer tornar universal? Sob que pretexto? E com que interesse?
    REFERÊNCIA
    KI ZERBO, Joseph. História da África negra. Mem Martins: Publicações Europa – América, 2009, vol. I.

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  4. No que diz respeito a periodização Ki-Zerbo faz um quadro cronológico da África dizendo que depende da área considerada. A evolução em certo setores ocorreu a longo período, como na costa oriental e na orla ao sul do Sara. em outros lugares desde o inicio do tráfico negreiro já eram ligados com a Europa, uma outra parte so teve contato com o mundo no século XX.
    Na questão das datas até a própria data da colonização não é tão importante para a histórica recente da África e para a delimitação das atuais fronteiras, além disso nem todas as regiões africanas entram no mesmo período, com isso não se pode ter datas precisas.
    Além dessa concepção de datação o autor ainda expões a cerca do historia e historiador. A história Africana pode ser relativa, já que ela procura a verdade ou tenta chegar ao máximo dela não tendo tanta precisão se comparada com a história europeia. Já o historiador da África deve colocar o tráfico no seu devido lugar no que tange a evolução do continente, juntamente com a exploração imperialista.
    Os historiadores e a população africana preocupa-se com o desenvolvimento do continente e não em reviver o passado, já que para o desenvolvimento da história africa necessita de um reavivamento do passado africano, sendo ele pesquisado por bons historiadores, e com essa reavivamento o tipo de ensino africano deve mudar. A história da África deve ser escrita por africanos que entendem as glórias da áfrica assim como a misseira e as lutas. fazendo que as novas nações possa conhecer o continente africano afundo na visão dos africanos.

    Azivonete Francisca Cardoso dos Santos.
    VII semestre

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  5. Para Joseph Ki - Zerbo a contemporaneidade africana começa em 1885 com a Conferência de Berlim. Porém o autor chama atenção para a periodização da historia africana baseada no modelo europeu, haja vista, as particularidades de cada região do continente e os diferentes estágios de desenvolvimento. Regiões da África sob influencia árabe, em contato com esses povos há muito mais tempo, e aquelas em contato com Europa não devem ser equiparadas, até mesmo pelas diferenças culturais existentes. Portanto, enquadrar a historia africana através de um marco como a Revolução Francesa de 1789 é um equivoco, uma vez que os processos históricos ai ocorridos não contemplam os africanos, que tem sua própria historicidade. O autor sugere então, que se estabeleça um método com divisão por épocas históricas conformadas por fenômenos comuns à maior parte do continente, pois não há como aplicar a totalidade. Enfim como o próprio Ki - Zerbo diz a concepção da historia (Para África) deve ser discutida a propósito da África.
    Alex de Araujo

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  6. Deveras, os fatos e marcos históricos utilizados pela historiografia ocidental são inúteis para a construção da história da África, como muito bem salientou Joseph Ki-Zerbo. Estamos muito presos ao modelo quadripartite de História (História Antiga, Média, Moderna e Contemporânea) que não dá conta de todas as sociedades humanas. Mais absurdo ainda é atribuir aos povos que não utilizam a escrita o epíteto de pré-históricos. Tanto em um caso como no outro, a ideologia dominante é o eurocentrismo.
    Por exemplo, quando teria se iniciado o tempo contemporâneo na África, visto que o marco da Revolução Francesa (1789) não representou um fato significativo para aquele continente? Uma possibilidade de resposta, a Coferência de Berlim (1884-85). Esse acontecimento possui grande relevância não só devido às subsequentes invasões por parte dos europeus à África. Sua relevância também se expressa nas bruscas mudanças, resultantes do choque cultural, enfrentadas por aquelas sociedades que enfrentaram das mais diferentes formas os seus agressores. Tais povos, pois, foram ativos na construção da sua História.
    Por conta disso, o autor supracitado, em seu belo trabalho “História da África Negra” Vol I, instiga e desafia os historiadores, sobretudo os africanos, a construirem uma história da África, uma história com suas especificidades: que demanda a interdisciplinaridade, o trabalho com fontes que não apenas os documentos escritos; uma história que tem muito por revelar. É, especialmente, dos diversos povos africanos a pena que deve realizar essa escrita, pois como disse Ki-Zerbo, “não se pode viver com a memória dos outros”.


    Por Arielson Batista.

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  7. Ora, tomando o argumento de José Ki-Zerbo não é possível, os africanos tem sua historia e deve ser marcada por acontecimentos relativos senão a todos mais que contemple a os eventos mais significativos. A Revolução Francesa foi um processo vivido pelos franceses, em circunstancias que só eles participaram. Além disso cada sociedade tem seu tempo não dá para a Africa usar uma escala universal, se é que ela existe, linear, progressista, enfim, é a régua manipulada pelos evolucionista que permanece? Portanto, na analise de Ki-Zerbo é a partir de 1880 que o continente africano tem contato com o espectro da modernidade, que entrara na contemporaneidade, traduzida em uma Conferencia organizada por estrangeiros que irá resga-lo, não só na sua geografia e cultura, mas posteriormente econômica e socialmente
    Jorge Luiz

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Os discursos sobre periodização como um problema delicado.Para Ki-Zerbo, mesmo a data da colonização, tão importante para a história recente da África e para a delimitação das actuais fronteiras dos Estados, não constitui a única nem a principal charneira em torno da qual se ordenaria toda a história destes países.
    O que seria necessário era uma divisão de base que englobem as grandes épocas históricas. Uma história como instrumento de força para os africanos, diante de um passado de colonização séc.XV, tráfico negreiro e imperialismo do sec.XIX.


    Dagamr Fonseca Leite.

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