quinta-feira, 6 de outubro de 2016

PARA OS DISCENTES DO QUINTO SEMESTRE, ALAGOINHAS, CAMPUS II, AULA 06:

O que se pode discorrer sobre a domesticação dos animais, agricultura e metalurgia no continente africano? São processos exógenos ou endógenos?

2 comentários:

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    1. Durante muito tempo houve pesquisadores que defendiam a tese de que o processo de agricultura e metalurgia assim como outros tipos de práticas e cosmovisão partiram de processos exógenos. Posteriormente houveram trabalhos pioneiros mais sistematizados que abriram novos caminhos para o estudo das primeiras civilizações africanas onde provam que tais processos foram totalmente endógenos como a tese de N.I. Vavilov e Roland Portères. Assim estes pesquisadores defendem que o processo partiu de dentro, correspondendo "tanto a uma adaptação às mudanças dos meios e dos ecossistemas como à criação de utensílios materiais, culturais e intelectuais em transformação rápida". Isso quer dizer que o ambiente em que eles estavam em determinado período (12000 à 3000 a.c) lhes foram favoráveis para as praticas agrícolas. Outro fator relativo a essas praticas agrícolas que dialoga com a tese endogenista se da em relação à diversidade de gêneros de um mesmo cereal que existem e muitos dele encontrados na África eram diferente das espécies que foram achadas fora de tal continente. Com relação ao metal, a tese difusionista defendia que o continente africano teria seus primeiros contatos com o ferro através dos Hititas através de presentes para faraós ou por "obrigação" devido a sua conquista em cima dos povos do Egito que até então eram seus súditos. Como diria M' Bokolo, "trata-se apenas de hipóteses, avançadas sem provas suficientes e às quais não faltou oposição de uma multidão de argumentos contrários". Um fator importante a respeito da metalurgia na maior parte da Africa, se deu porque este fenômeno passou da Idade da Pedra diretamente para a Idade do Ferro sem a mediação "obrigatória" da Idade do Bronze ou do Cobre. As datações por si só - além do argumento de que não necessariamente precisa-se de temperaturas elevadas para fundir o minério de ferro - mostram que a metalurgia era praticada muito antes dos hititas, datando em alguns sítios como em Ténénré no Niger (2000 a.c.), Taruga na Nigéria (séc. VII até IX a.c.) e os sítios ruandenses e burudenses igualmente. A domesticação de animais estava atrelada às praticas agrícolas e metais, pois, certos "dados esparsos atestam igual modificação substancial das práticas agrícolas e pastoris: progresso das culturas alimentícias sorgo, feijões, ervilhas abóboras principalmente); substituição e especies animais selvagens (búfalos, antílopes gnus) por animais domésticos paralelamente à persistência, confirmada pela abundância de armas de ferro, de importantes atividades de caça; progressão da criação do gado, assentada inicialmente nos carneiros e nas cabras, aos quais vieram acrescentar-se os bovinos, a partir dos séculos VII ou VIII, nos ambientes poupados pelas glossinas". (M'Bokolo)

      Raul Barreto

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