domingo, 14 de agosto de 2016

PARA OS DISCENTES DO SÉTIMO SEMESTRE, ALAGOINHAS, CAMPUS II – AULA 05:

Conferência de Berlim e “partilha da África”: em que aspecto evidencia a passividade dos homens e mulheres do continente africano? Discorra sobre as resistências e soberanias dos povos da África?

5 comentários:

  1. No texto “Movimentos de resistência na África”, Leila Hernandez adverte que o presença europeia permaneceu em estados de intensidade alterável, distinguida pela violência, pelo desatino e pela irracionalidade da dominação. Na defesa de uma ilustre missão civilizatória constituíram mecanismos de
    “desapropriação” da terra, requisição de impostos e formas de trabalho compulsório, advindos do racismo, e arranhando o dinamismo histórico característico dos africanos.
    A mesma contradiz as teses: de que a resistência africana é um capítulo de escassa importância (fluxo até os inicio do ano de 1980), uma vez que os africanos teriam se conformado à “pacificação” europeia; pesquisas que expunham os movimentos de resistência como desarranjados, movimentados por sistema de ideias “irracionais”, arrumados por “crenças fetichistas” em implicação, “conservadoras”; entre outras o evento de que os movimentos de resistência apresentavam-se “insignificantes”.
    Segundo Hernandez as populações locais estavam movidas por uma compaixão patriótica conectada a um intenso anseio religioso. Para ser mais clara , esses povos resistiram de maneira notável e significativa pela defesa do seu próprio território assim como pela sua fé , a medida que lhes era inoportuno, serem reprimidos a outras religiões. Entre outras questões é necessário destacar a demonstração propriamente política reprimida no papel das ideias religiosas, já que o sagrado exibi de acordo com a história pronunciado favorável aparelhamento social. Entre outras, importa ressaltar que a reação religiosa foi um intenso e importante elemento nos movimentos de resistência na África, destacando entre os anos de 1880 e 1914. Nos andamentos em que a colonização se perpetrou perturbadora, a religião em níveis individualizados, cristalizou a tomada de consciência, instituiu a protestação e se transformou em ferramenta de oposição e afirmativa cultural.

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  2. Como insistimos em dizer, existe uma batalha ferrenha pelos "lugares na História".
    Na tentativa, em alguma medida inconsciente de narrar a passagem dos tempos destacando os grandes feitos dos seus correligionários, o continente europeu e seus fieis seguidores ocidentais, transformaram séculos de intensos embates, conflitos e negociações, onde muitas vezes saíram derrotados, num conceito simples e direto, o de "Partilha da África". Burilaram a falaciosa noção de que 'as Áfricas' assistiram bestializadas ao seu “partilhamento”, e que isso teria se dado por intermédio de um conjunto de reuniões e debates entre os poderosos advindos da Europa, a tão conhecida Conferência de Berlim.
    Com os avanços da ciência histórica e graças a luta da geração de militantes por uma História da África e daqueles que os seguiram, hoje nos é evidente que a ideia de "partilha da África" não serve para explicar o truculento e longo processo de tomada daqueles territórios pelos invasores (ainda que alguns insistam em tentar fazê-lo, talvez por preguiça intelectual). Ki Zerbo forneceu-nos contribuições que nos permitem uma compreensão mais profícua, entre elas, o conceito de 'Roedura'. Este autor entendia por roedura, a lenta inserção europeia que se estendeu por séculos, encerrando-se com a Conferência de Berlin. Se não foi assim, precisamos nos questionar, Por que a Conferência de Berlin não ocorreu antes de 1884? A resposta para isto nos vem com alguma simplicidade: Por que não haviam condições para tal, dado o poder das civilizações 'africanas'.
    Quando os Portugueses chegaram ao Reino de Gana por volta de 1470, tiveram que se submeterem ao poder do soberano ganense e lentamente construírem relações comerciais. A noção de partilha silencia a África soberana de ontem, forjando um retrato completamente irreal. A África resistiu fortemente ás invasões e se manteve em pé de igualdade até o século XIX, quando a invenção da metralhadora favoreceu a Europa.
    Aos poucos vão se revelando os mitos vão se fazendo visíveis e a História busca uma retratação a estes povos. Atualmente, a voz do vencido vem ganhando cada vez mais notoriedade. Venceram sim, entretanto, como venceram nos parece uma questão ainda em aberto.

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  3. A conferência de Berlim, na segunda metade do século XIX, segundo Ki-Zerbo, não passou de uma inciativa das potências europeias, afim de evitar um conflito generalizado no processo de colonização do continente africano. Ainda nos séculos anteriores, há registros das trocas comerciais entre países da África e da Europa. Todavia, era necessária uma saída “civilizada” para os conflitos que estavam por vir. Esse processo sofreu deturpações ocasionando numa ideia de passividade entre os povos que foram explorados, perdurando durante séculos nos estudos posteriores, esse que sofria fortes influências europeia.
    O final do século XIX, o movimento utilizado pelos europeus foi de conquista, essa totalmente regulamentada, pela conferência e efetivada de acordo com a resistência local. Os franceses foram os mais ativos na conquista, encontrando dificuldades de expansão com o exército britânico quando tentou expandir em direção ao baixo Níger e para o interior do reino Ashanti. (PARADA; MEIHY; MATTOS, p.35). A conquista britânica, assim como a francesa, foi violenta e encontrou forte resistência. A Alemanha, o Reino Unido, e até mesmo Portugal, que sofria com a crise interna, já que o imperialismo português se tornou muito custoso para a Coroa, também encontraram meios para a conquista, que foi efetivada de acordo do a realidade de cada país. O caso da Itália, foi a potência que obteve maiores dificuldades na ocupação: Derrotados pelo exército etíope, primeira vitória militar de uma nação africana.
    Entre 1880 e 1900, o processo de expansão colonial já estava deflagrado e parecia irreversível, graças o uso de armas de fogo de rápido disparo e meios de comunicação, o desenvolvimento de uma tecnologia de ponta, que os estados europeus possuíam. Todavia, mesmo com essa tecnologia havia um problema que embarreirava a colonização de fato: a demografia. Foi necessário estabelecer novas estratégias de dominação, pois não havia capacidade de submeter a heterogeneidade das culturas existentes. Há uma relação complexa entre os colonizados e os povos que eles queriam colonizar, pouco estudada. Os movimentos de resistência entre os povos africanos, muitas vezes, foram caracterizados como “primitivas e irracionais”, tomando forma de um “banditismo social” ou de até mesmo de “rebelião camponesa”. Se distinguia as sociedades pacíficas e as que não eram, mas o que não fica claro, é que cada nação agia de acordo com interesses próprios, tendo em vista que não há apenas uma forma única de colaboração, muito menos de resistência. De certo, é preciso ter em vista, que não houve nação mais ou menos pacífica, mas sim, uma tentativa de defender suas identidades e de alguma forma, negociar com os europeus mantendo sua integridade, já que por vezes, esse tinha a tecnologia necessária para exercer o poder com violência.

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  4. Em meados do século XIX, potências europeias se reuniram com o intuito de organizar e mapear territórios onde hipoteticamente haveria a exploração de terras e riquezas, além de utilizar da mão de obra local com o intuito de enriquecer os cofres e fortificarem seus ditos governos, porém eles não contavam com a forte resistência dos povos africanos, os franceses tiveram árduas batalhas que perduraram por vários anos, conseguindo de certa forma dominar alguns territórios, porém sem tranquilidade para governar e impor suas tendências, pois a repressão e a revolução dos povos africanos não dava aos “invasores” a tranquilidade esperada. Guerras e confrontos sangrentos marcaram a tentativa de domínio francês, Itália e Portugal encontraram dificuldades em se alocar nas suas investidas, esbarrando em problemas internos nas metrópoles, tendo uma certa instabilidade no império evidenciando a decadência e insatisfação do seu povo com o custo altíssimo de manter seu regime imperialista, todavia as revoluções que aconteciam em território africano acabava por atrair toda a atenção de portugueses e italianos que precisavam cada vez mais abastecer a suas “colônias” com o exercito para manter a “ordem” vislumbrada pela metrópole, com isso enfraquecia sua sede deixando-a vulnerável a uma revolução e retomada de poder. Os ingleses ousaram um pouco menos, quando se trata da execução dos planos de colonizar, indo na contramão dos outros grandes da Europa, a Inglaterra adotou um “diálogo” com algumas nações e povos africanos vislumbrando um comércio e uma conexão razoável de ideias, tendo assim uma melhor aceitação, com isso não quero dizer que não existiram conflitos, muito pelo contrário alguns povos não admitiam e se rebelavam contra essa situação de monopólio de riquezas e exploração, por isso os confrontos ainda assim eram inevitáveis. Dessa maneira é coerente falar sobre o tema sempre discutido e que continua a ser disseminado em alguns pontos do planeta, as inverdades acerca de uma dita passividade africana diante da “partilha da África”, alguns intelectuais europeus transcrevem em seus textos e trabalhos tendenciosos uma África apática e selvagem que aceita a invasão e o domínio sem qualquer luta, porém os estudos da História da África e análise detalhada de obra como a do autor Ki-Zerbo, nos coloca a linha de imaginação da grandiosidade da revolução, do sentimento de nacionalismo de alguns povos, além da pluralidade de ideias existentes no continente africano, vários povos, várias nações, diversidade de cultura e a garra e luta por seus ideais.

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  5. A "partilha" da África em meados do século XIX, foi encarada por algum tempo pela historiografia tradicional como uma saída necessária para a salvação dos africanos que viviam em meio a fome, doenças e perdidos em sentido religioso. É certo que varias regiões da África ficou sob dominação da Europa ao longo do século XIX e XX, porém outras regiões desse mesmo continente não sofreram dominação, tendo sua cultura e sociedade mantidas ao longo dos anos.
    A dominação europeia na África foi vista, a grosso modo, como um processo que não enfrentou resistência por parte dos povos que habitavam o vasto território africano, o que representa um grande equívoco sobre a História da África.
    O movimento de colonização da Europa na África, enfrentou duras resistências por parte de clãs, reis e rainhas que se uniram e se rebelaram em defesa de territórios e que não perceberam na figura do colonizador europeu a "salvação". Um exemplo significativo foi a tentativa de dominação italiana na Etiópia. Na ocasião foi montado um exército de cerca de 110 mil soldados, contra um número reduzido de soldados italianos, que combateram o avanço da colonização no território.
    Ocorreram vários focos de resistência à colonização e esta ação era encarada pelos europeus como uma demonstração de "selvageria" dos africanos, que segundo eles não eram dotados da capacidade de articulação, união e confronto contra ideais de dominação.

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