Trata-se de mais um instrumento de divulgação dos debates feitos pelos discentes do curso de História da Universidade do Estado da Bahia - através da ação do Núcleo de Estudos Africanos.
domingo, 14 de agosto de 2016
PARA OS DISCENTES DO SÉTIMO SEMESTRE, ALAGOINHAS, CAMPUS II – AULA 04:
O imperialismo é mais do que um conceito. Durante muito tempo foi tido como algo visceralmente associado ao capitalismo. Para os anos 1880 e 1890, no continente africano, percebe-se o conceito na prática, a partir das investidas dos potentados europeus. Como explicar os imperialismos no continente africano?
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Olá, sou estudante de Letras com Ingles, mas fiquei com uma curiosidade sobre o tema. No texto acima foi dito que o Imperialismo está associado ao capitalismo. Neste caso governa que tem maior poder monetário?
ResponderExcluirO imperialismo não aparece apenas como conceito para justificar a colonização no continente africano. O termo aparece no léxico europeu para denominar o domínio ao longo dos séculos XIX e XX. Ainda no final do século XIX, esse vocábulo aparece na Grã-Bretanha no sentido profícuo da palavra, acompanhado da expansão das possessões dos territórios coloniais. Assim, o termo passou a ser utilizado no sentindo de defender uma concepção humanista e democrática do Império. (PARADA, MEIHY E MATTOS. 2013).
ResponderExcluirOs liberais afirmavam que o imperialismo seria uma via de progresso e extensão da civilização para populações ainda “distantes” das condições da Europa. John Hobson, autor da obra intitulada: Imperialism: A Study, estabeleceu uma distinção entre capitalismo e qualquer expansão territorial generalizada. Todavia, os socialistas refutavam essa teoria, entre eles Rudolf Hilferding e Rosa Luxemburgo. Ambos apresentavam uma teoria distinta e acusavam o imperialismo de ligações com o capitalismo. O primeiro afirmava que as práticas expansionistas seriam inerentes ao desenvolvimento capitalista em sua fase monopolista e a segunda afirmava o mesmo, com a ressalva de que o imperialismo seria um aspecto constitutivo da própria acumulação do capital.
A expressão foi abertamente debatida. Todavia, apenas depois da guerra fria foi que o termo passou a ocupar as discussões no campo das ideias políticas. Hannah Arendt, em sua análise, problematiza a expansão dos territórios pelas potências imperialistas a partir da base moderna do Estado-Nação, alegando que nenhum Estado nacional conseguiria impor o domínio total do outro, pois teria que dominar o povo, o que seria impossível. A partir do avanço nos debates, Edward Said, em 1978, desenvolveu uma teoria denominada Orientalismo, que revolucionou e deu o ponta pé inicial para uma série de estudos sobre colonialismo. O conceito serviu para que fossem elaboradas novas observações sobre o colonialismo do passado e do presente, que não ficassem apenas circundando a política e a economia.
O Orientalismo, utilizando a noção foucaultiana de poder e saber, afirmava que os saberes produzidos sobre o “outro” (no caso da África, sobre ela mesma) acabavam sendo tendenciosos, afinal, não era lá que tais saberes eram produzidos, e sim de uma perspectiva europeia. Assim, o orientalismo foi utilizado para os estudos que surgiram sobre a colonização e expansão imperialista, no mundo. Todavia, houve críticas à obra de Said, parte delas do indiano, Aijaz Ahmad. Ele questiona a globalidade que o colonialismo teve na teoria do Orientalismo. Afinal, esse é apenas um dos aspectos que os países do terceiro mundo perpassam na formação de sua identidade. Dado o tempo de construção e formação histórica desses países, o processo de colonização seria apenas um aspecto de parte dessas histórias, não renegando o fator decisivo em alguns lugares, mas não totalizador.
Foi apenas no século XIX que o termo “imperialismo” passou a ser utilizado para as investidas colonialistas dos europeus na África. O continente experimentou a dominação das potências; mas, em sua grande maioria, essa dominação foi indireta, haja vista a teoria de Hannah Arendt, que afirma a inviabilidade de uma dominação direta e total das nações, dados o sentimento de pertencimento, de nacionalidade. Assim, com muito custo, houve uma expansão territorial caracterizada, muitas vezes, pelo uso da força e, em sua grande maioria, por ações indiretas, haja vista as diversas formas de resistência adotadas pela população dos países africanos.
O continente africano foi invadido de várias maneiras. A cede por novos territórios por parte dos europeus, inicialmente justificada pela necessidade de aumentarem suas riquezas, partindo da premissa de que uma nação somente poderia ser considerada rica, se mantivessem seus cofres cheios de metais preciosos e a vontade de expandir a fé cristã, ganhou novas faces no século XIX.
ResponderExcluir“No período áureo da humanidade”, quando a Europa achava ter encontrado a fórmula para o sucesso de todas as sociedades, o Imperialismo apareceu sob a égide do discurso civilizatório. Pensava-se em tomar as regiões “para ensinar seus habitantes a serem gente”, aproximá-los minimamente dos ideais civilizatórios. Assim, os interesses econômicos e a violência surgiram como males aceitáveis para a época, levando em conta o projeto humanístico objetivado pelos invasores.
A África se apresentava como o grande desafio para as massas civilizadoras europeias, dadas as características totalmente opostas ao que era pregado por lá. Os povos era vistos como se vivessem na fronteira entre a condição humana e a animalesca. Lembrando que neste período as teorias de charles Darwin sobre a evolução natural das espécies já haviam balançado o mundo e eram o alicerce do discurso europeu, tendo em vista que eles eram, “ a parte da humanidade que deu certo”. Por outro lado, consideravam possível acelerar a “evolução dos selvagens”.
A colonização alcança seu êxito máximo, quando o colonizador sabe mais sobre o colonizado do que ele mesmo. Em melhores palavras, o dominado passa a ser, pura e simplesmente aquilo que o invasor diz que ele é, a partir de uma amálgama conceitual que reduz o outro a seu cósmus linguístico, de modo que até mesmo ele passa a se ver segundo aquela ótica.
A África foi palco de diferentes tipos de colonização. Merece maior destaque a colonização indireta, onde a Metrópole delegava funções aos antigos chefes locais, mantendo as estruturas administrativas locais, substituindo-as apenas se criassem problemas. Este modelo foi empregado pela Inglaterra em suas possessões, menos preocupada em resolver seus problemas de superprodução e de desemprego que em civilizar . Já a colonização direta, foi aquela em que os invasores objetivavam uma substituição completa dos hábitos, línguas e religiões dos colonizados pelos seus. A França, a Alemanha, Portugal e a Bélgica optaram por esta forma de colonizar.
Haviam apenas dois problemas no sistema “assimilacionista” proposto: Primeiro que nem todos os habitantes estava dispostos a abrirem mão de sua cultura para fazerem do seu território “um pedaço pobre da Europa” e ainda, os indivíduos humanizados, sempre seriam menos humanos que seus geradores. Muitos africanos estudaram, vestiam se como europeus, falavam e andavam como eles. No entanto, jamais foram vistos como iguais. Com o tempo, intelectuais locais perceberam esta distinção e sentiram necessidade de construir sua própria identidade. Davam-se os primeiros passos para a emancipação dos povos.
As grandes potencias imperialistas da Europa geravam imagens distorcidas do continente africano, e julgavam que os povos da África necessitavam de “ajuda” para acompanhar o desenvolvimento europeu, porém anexada a essa falsa iniciativa de colonizar para prosperar a colônia, as metrópoles apenas estavam buscando poder ao disseminar sua cultura e religião, que é o caso de Portugal, Alemanha e Bélgica, que tinham a ideologia de implantar suas condições sociais e culturais a população da colônia além de extrair metais precisos e matéria prima para fabricação de armamentos e outros artigos. Um pouco mais diferente de outras já citadas metrópoles, a Inglaterra mantinha a organização administrativa e política local, da colônia, contudo a ligação direta ao governo que seguindo as ordens da metrópole não sofreria represaria alguma durante a sua gestão, em contrapartida ao não seguir as ideologias da metrópole teria seu governo deposto de forma rígida e não menos sangrenta do que se imaginava.
ResponderExcluirO colonialismo no continente africano se manifesta em ações de extorsão, imposição e manipulação por parte da metrópole, e uma resistência ferrenha de povos que não aceitavam o domínio, dessa maneira dificultando e sobrepondo uma ideia global de africanos passivos perante as atuações de uma metrópole distante e prepotente, alguns grandes nomes no continente africano, que se tornaram intelectuais durante as colônias perceberam a diferença de reconhecimento em relação a metrópole, e com isso começaram a utilizar do seu conhecimento para incentivar uma luta por liberdade, uma luta para se desvincular dos imperialistas.
Dentre os fatores que levaram à descolonização se destacaram, além das próprias contradições internas do colonialismo – que dialeticamente trabalhavam pelo seu fim e superação -, dois tipos de influência: as internas, isto é, os movimentos pela independência no interior da África; e as externas, como o referido abalo sofrido pelas potências colonialistas durante a Guerra, a política externa adotada tanto pela URSS quanto pelos EUA, e a ação da ONU, que desde a sua fundação propugnou pela auto determinação dos povos, e o envolvimento crescente dos países recém independentes que começaram a atuar no bloco pugnando pelo fim do sistema colonialista. (PENNA FILHO, PIO. 2009.) Após a guerra fria, as potencias europeias acabaram por perder força, sendo paralela ao ganho de poder nas manifestações e insatisfações do povo africano, os movimentos em pró a liberdade tomaram o fôlego das ruas, e as batalhas passaram a ser em prol de liberdade da falsa “ajuda” imperialista que todavia enfraquecia diversos territórios dentro da África.
Depois do processo de roedura e partilha da África, os conflitos originados pela competição entre as várias potências europeias levaram no século XIX à dominação, e consequentemente, o processo que culminou com a divisão do Continente Negro pelos Estados europeus na Conferência de Berlim em 1885.
ResponderExcluirNo século XIX a invasão sistemática da África, submetendo a população a diversas formas de poder e exploração, adquirem a partir de prerrogativas diferentes formas de poder seja de ordem religiosa, política, econômica ou científica. Os religiosos na conversão de africanos e os cientistas que lançaram um novo olhar sobre a África, afim de promover os paradigmas da teoria da evolução e a Eugenia. A classe política também discursaram em favor da expansão ocidental e suas ideias de civilização que traziam suas iniciativas ao Continente Africano.
Em 1870 a África é um continente propício para investimentos de novos capitais e obter novas formas de lucro. Países como Portugal, Espanha, Inglaterra e França estavam dispostos a ampliar seus domínios e algumas iniciativas privadas, nacionais ou de grupos empresariais no intuito de “Civilizar” o atrasado Continente Africano.
As ações humanitárias eram comuns ao período. Leopoldo II da Bélgica discursou após a fundação da Associação Internacional Africana com os objetivos de: “Abrir para a civilização a única parte do Globo ainda infensa a ela, penetrar na escuridão que Paiva sobre povos inteiros é, eu diria, uma cruzada digna deste século de progresso [...] (Apud Hochschild, 1995)
Em 26 de fevereiro de 1885 foi assinado a ata geral do Congresso de Berlim. Em 29 de maio do mesmo ano onde estavam previstas as regras que regulariam as ações das potências que iriam partilhar e controlar a África e a Bélgica, cria o Estado Independente do Congo.
Esse processo de conquista se dá por vários viés e de 1855 a 1900, a França conquistou o Sudão; a colonização inglesa apoderou-se da região leste e estabeleceu o protetorado britânico sobre o Egito; enquanto a colonização Alemã e a italiana entraram tardiamente no cenário colonial africano.
John hobson em sua teoria do imperialismo chega à conclusão que algo benéfico para a prática imperialista, é o enriquecimento de poucos. Considerava o imperialismo um mal negócio para a nação, mas ótimo para determinadas classes sociais e certos grupos industriais e financeiros do País.
“...Nós conquistamos a África pelas armas...temos direito de nos glorificarmos, pois após ter destruído a pirataria no Mediterrâneo, cuja existência no século XIX é uma vergonha para a Europa inteira, agora
temos outra missão não menos meritória, de fazer penetrar a civilização num continente que ficou para trás...” (“ Da influência civilizadora das ciências aplicadas às artes e às indústrias”. Revue Scientifique, 1889)
Os invasores europeus dominadores da África, mudaram os velhos padrões das sociedades tribais e impuseram o trabalho forçado e o racismo ao Continente. Contudo, é verdade também, que houve um movimento de resistência seja militar como no Sudão ou na Costa do ouro, como também movimento de cunho contestatório religioso e mesmo movimentos “modernistas” ou “ocidentalistas”.
Nesse contexto do fim da Primeira Guerra Mundial, as metrópoles começam a promover mudanças e concessões.