terça-feira, 5 de agosto de 2014

PARA OS DISCENTES DO QUARTO SEMESTRE, CONCEIÇÃO DO COITÉ, CAMPUS XIV - AULA 11:

Como estabelecer relações entre o pan-africanismo e os movimentos sociais negros da contemporaneidade? Há alguma influência do primeiro para o segundo?

5 comentários:

  1. Desde o surgimento das primeiras correntes de idéias do pan-africanismo no século XIX, este vem disseminando muitas concepções, embasando muitos trabalhos científicos, norteando muitas pesquisas, em suma, influenciando e definido as construções intelectuais acerca da África, não só no Brasil, mas em todo o mundo.
    Essa influencia de tais ideais não se limitou - nem se limita - apenas aos círculos intelectuais. Em muitos espaços fora da academia pode-se perceber a reprodução e disseminação dos ideais pan-africanistas. Sem duvida os movimentos sociais negros, tanto em outros tempos quanto na contemporaneidade, são muito influenciados pelas concepções construídas a partir dos pensamentos pan-africanistas, e se constituem em grandes difusores desses pensamentos.
    Idéias como a de uma África una, onde prevalece à solidariedade racial, norteiam as reivindicações dos principais movimentos sociais de defesa dos direitos dos negros na atualidade. A partir dessa visão da África como o continente da união dos negros é que se sustentam os desejos de união dos negros e negras do Brasil na luta por seus direitos.
    Obviamente essa é uma questão delicada, pois envolve, além de outras questões de grande relevância para os movimentos sociais negros, como a legitimação de suas demandas, uma questão de identidade seja ela coletiva ou individual, a qual pode ate ser debatida enquanto construção histórica, mas nunca desmerecida e/ou desrespeitada.
    Porem há questões intrínsecas, no que concerne as ideias pan-africanistas reproduzidas pelos movimentos sociais, que devem ser problematizadas e criticadas pelo historiador. Pois alem da unificação da África, acima apontada, são disseminadas, do ponto de vista historiográfico, outras imprecisões a esse respeito, por exemplo: a reprodução de conceitos como afro brasileiro e afro descendente, que se referem aos negros e negras do Brasil como descendente diretos dos africanos; a interpretação das praticas e costumes dos negros e negras do Brasil como continuidade da cultura africana; a criação de “ilhas de áfrica” no Brasil como forma de “resistência” da cultura negra.
    Todos esses pressupostos vem sendo intensamente debatidos pelos especialistas em História da África na atualidade, no sentido de superar a “barragem de mitos” que dificulta a explicação, o esclarecimento e, consequentemente, a elucidação e o entendimento da complexidade cultural do continente africano, assim como, das praticas e costumes dos negros e negras do Brasil.

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  2. O pan-africanismo como sabemos foi um movimento de caráter social, filosófico e político, que tem como objetivo a luta contra o preconceito racial e a as desigualdades sociais, tendo como ideologia a noção de estado único. Nesse sentido os movimentos sociais negros brasileiros foram de fundamental importância nas lutas de afirmação dos negros enquanto cidadão, como também na busca por igualdade de direitos, visto que durante muito tempo esses movimentos viveram na clandestinidade devido a sua não aceitação na sociedade brasileira, no qual a partir de muitas tentativas esses passam a ser vistos por outros olhos, tornando assim peça fundamental no contexto de movimentos sociais vigentes nessa sociedade.
    Mesmo com toda significância dos movimentos negros brasileiros não podemos deixar de notar as influencias sofridas por esses diante do movimento pan-africanista, como ao que esta relacionada à homogeneização da África, que trás uma noção de ausência de fronteiras e unificação das línguas, no qual sabemos das diversidades que compõem esse grande continente que é a África. Como também a idéia de unidade racial, religiosa, e povo africano, que carrega a idéia de que todos os negros são africanos ou descendentes diretamente ligados e inseparáveis desses.
    LUCILENE OLIVEIRA

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  3. Sendo o pan-africanismo um movimento composto por teorias, arranjos e visões de mundo, que pregam uma África, homogênea, que professa uma só fé, que fala uma única língua e que é composta por negros, alem do que “terem sido os pan-africanistas um dos responsáveis pelos movimentos de ‘retorno’ dos negros recém-emancipados, ou já livres e vivendo há algumas gerações na América para o continente africano” (HARRIS, ZEGHIDOUR, 2010, SOUZA, 2008, MBOKO, 2007). Assim de acordo os artigos lidos na atualidade, o continente africano aparece sendo um lugar homogêneo, onde só há negros, desprovidos de quaisquer fronteiras, até mesmo desconsiderando as diversidades e os conflitos existentes entre os mais variados povos (que o pan-africanismo nega). Assim percebe-se que a África é apresentada como indistinta e sendo possível relacionar o Brasil e África, mas ao fazer este relacionamento, as construções dos negros e negras no Brasil, não são “brasileiras” e sim afro-brasileira.
    Assim, na contemporaneidade as idéia pan-africanistas se fazem presentes nos movimentos sociais, principalmente ao que concerne a idéia de que os negros e negras do Brasil são descendentes dos africanos. Por conseguinte a tentativa de estudar primeiramente a áfrica para só depois entender o Brasil ganha justificativa, pela relação estabelecida também na contemporaneidade. Assim, torna-se percebível que as ideia pan-africanistas estão presentes e influencia os movimentos sociais brasileiros.
    Larissa Mota de Cerqueira, Campus XIV, Laboratório VI.

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  4. O pan-africanismo é um movimento de ideias que surgiu na metade do século XIX, como resposta as teorias raciais que apareceram ao longo desse período. Esse movimento tinha como uma das suas finalidades ser um instrumento político na tentativa de transformar o continente numa grande federação, usando a língua inglesa e professando o cristianismo. No seu conjunto de ideias, o pan-africanismo trás a visão de uma África una e homogênea, tratada no singular, sem levar em consideração sua diversidade de povos, línguas, costumes e culturas. Essa teoria trás também a perspectiva de que todo negro é da África, ou descendente da mesma.
    Nessa perspectiva o pan-africanismo vem criar categorias de povos, “negros” e “brancos”, sendo que no primeiro tenta-se englobar uma variedade de povos de todo o mundo a partir da pigmentação da pele e associá-los ao continente africano, como se um negro fosse sinônimo de África. Isso se tornou mais evidente na criação por parte dos pan-africanistas de movimento de retorno dos negros das Américas para o continente africano, como se ambos fizessem parte um do outro.
    Tais questões encontram-se presentes aqui no Brasil, onde diversos autores criam trabalhos sobre essa perspectiva, e está presente, principalmente na construção ideológica dos movimentos negros, aos quais criam uma identidade coletiva através dessa ideia de pertencimento a essa “África” distinta, criando uma perspectiva biológica a partir da cor da pele, afirmando a visão pan-africanista de que “negros” e “africanos” fazem parte de um só povo, assim como seus costumes e cultura são heranças direta dessa “África”. No Brasil essas visões são tão fortes, pois podem ser vistas até nos conceitos que são utilizados para referir-se aos negros e negras brasileiros, como “afro-brasileiro”, “afrodescendente”, e principalmente para se referir as manifestações religiosas dos mesmos, utiliza-se “matriz africana” quando referidas, afirmando o que disse acima.
    É fundamental destacar esse ponto, pois o pan-africanismo influenciou e influencia diversos intelectuais na criação de seus trabalhos, que ao escreverem sobre a cultura negra, ou mesmo sobre a África, estabelecem uma relação linear entre cultura, prática, invenção e natureza. Quanto aos movimentos negros, o pan-africanismo inventa uma África que persiste até hoje na cabeça dos militantes desses movimentos, essa questão relaciona-se a ideia de rejeição de forma implícita da nacionalidade brasileira, e que suas origens estão no continente africano.

    Fabiana Costa Lima - IV semestre, Campus XIV

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  5. O pan -africanismo tem como suas principais questões a ideia de que a África deveria ser transformada nos Estado Unidos da África , preferencialmente usando a língua inglesa e professando o cristianismo.
    Não deixa de ter uma relação com os dias de hoje pois lutam por igualdade para todos os negros e negras.
    Como eles próprio dizem ser descendentes de africanos vindos da África.
    Com isso fica necessidade de estudar primeiramente África para podermos entender esses África no Brasil pois ainda há uma visão de que ela é una e não aceita que ela é composta por diversas línguas e povos.
    Ficam como os negros daqui busca-se uma identidade africana no continente brasileiro.
    Patrícia dos Santos Araujo IV semestre de história Conceição do Coité.

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