domingo, 31 de julho de 2016

PARA OS DISCENTES DO SÉTIMO SEMESTRE, ALAGOINHAS, CAMPUS II - AULA 03:

O conceito de “roedura”, encetado por Joseph Ki-Zerbo, coloca em questão outra perspectiva para a conferência de Berlim. Estabelece possibilidades de se entender a História sob o prisma da longa duração, e mostra o quanto pode se modificar a compreensão do fato, quando se envereda por outros contextos. Mas, afinal de contas, quais as diferenças entre os conceitos de “roedura” e “partilha da África”?

9 comentários:

  1. A representação acerca do continente africano é desenhada no imaginário coletivo por um estigma de submissão, vitimização de civilizações que se submeteram à dominação europeia, consumada pela Conferência de Berlim, no final do século XIX. Essa conferência marcou o processo de “roedura” do continente africano, todavia, esse processo ficou submetido a interpretações, que geralmente eram produzidas de “um lugar” que buscou legitimar a urgência da intervenção europeia na África. De certo que houve uma reunião, um consenso para que a dominação não gerasse mais conflitos entre as potências, porém, esse processo foi dado a partir de circunstâncias do período.
    As relações entre os europeus e africanos já se estendiam durante séculos, estabelecendo rotas comerciais de minérios, objetos e de mão-de-obra escrava. O interesse pelo continente e as possibilidades de exploração já eram reconhecidos pelos europeus. Porém, nesse processo, começaram a surgir conflitos. Na Bélgica, o Rei Leopoldo II logo lançou bases para um processo de colonização, com o objetivo de expandir seus domínios, contrapondo os interesses de Portugal, França e Inglaterra.
    Certamente, o processo de “roedura”, conceito de Ki-Zerbo, foi lento, durou séculos, levou a desestabilização de grupos locais e tinha como objetivo a exploração do continente pelas potências europeias. No entanto, o processo de dominação do continente também gerou conflito entre os colonizadores que, afim de “civilizar”, normatizar e legitimar a colonização; propuseram a conferência de Berlim como a saída amigável, lugar possível de negociação das fronteiras africanas e não da “Partilha”. Esse conceito deve ser problematizado, na medida em que foi produzido para legitimar o processo de dominação, afinal, o relato dos fatos produzidos sobre esse período foi dos europeus, que buscaram justificar o processo como necessário aos africanos.

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  3. Definitivamente, o continente africano não é passível de ser explicado a partir de consensos. Por vezes nos pegamos totalmente desarmados e tomados pela certeza de que nada sabemos acerca da História. Grande parte desses momentos ocorrem quando nos defrontamos com as produções acerca deste continente. Percebemos que todo nosso conhecimento se resume a um punhado de significados europeus, e que, em muitos casos, de nada nos serve, se não para nos cegar diante da mais plausível aproximação da realidade, levando-nos a produzir (ou reproduzir) sentidos que pouco dizem sobre o problema inquerido, ao contrário, burilam um mundo onde os vencedores do agora, como disse Walter Benjamin, falaciosamente se mostram donos de uma superioridade que ultrapassa a própria barreira do tempo e da História.
    Ainda hoje, nas escolas de boa parte do mundo, ensina-se o quão devastadora e vitoriosa foi a entrada dos europeus no território a que por comodidade chamamos de África.
    Dentre os conceitos mais impregnados, está o de “partilha da África”. Poucas reflexões efetivamente são produzidas a respeito desta noção tão largamente pregada. A contribuição do que Ki Zerbo é algo não menos que genial (se me permitem o juízo de valor). Após tomar conhecimento do conceito de “roedura” torna-se quase impossível não corroborar com o autor, levando em conta que ele categoricamente assinala que a Conferência de Berlin não foi mais que “a cereja do bolo”, isto é, não se pode explicar a tomada do continente africano pelos europeus a partir dela, posto que por longos séculos, tal qual ratos (como nos permite pensar a expressão) adentraram de forma lenta e negociada ao continente africano, em outras palavras, foram vagarosamente fincando suas bases naquela região, estabelecendo relações com as lideranças locais e “roendo” as estruturas dos povos, com seus conceitos, visões de mundo, armas, bíblias.

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  4. A melhor forma de definir a “Partilha de África” , é sem sombra de dúvidas utilizando do conceito de “roedura” deflagrado por KI-Zerbo, enaltecendo a disposição dos povos africanos e sua intensa luta, contra a os “forasteiros” que aos poucos se alojavam no território, contudo a roedura é fixada a partir da análise da História da África, onde é perceptível a rejeição dos europeus no território africano e com isso as táticas para se instalar no continente de forma “amigável” e tentar persuadir seu povo, com trocas de mercadorias e negociações comerciais, claro, em passos lentos, dando nome ao processo de “roedura”, dessa maneira desprezando todas as teorias anteriores que ilustravam um processo rápido e efetivo de invasão, que não ressaltavam a luta e a revolução dos povos da África.

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  7. Para falar da ´´partilha da África´´ assim como o processo de ´´ roedura ´´ é necessário levar em consideração primeiro que a roedura se dá desde a chagada de Portugal à África quando começam um processo exploratório no continente no século XV por volta de 1430.A a princípio conquistam a costa da África afim de explorarem o ouro existente nessa região, e seguiram pelo continente acabando por torna-lo um importante fornecedor de especiarias. E não pararam por ai , aproveitando ao máximo as imensas diversidades que havia naquele território, a ´´captura´´ de nativos os transformando em escravos também foi uma das riquezas dentro da economia portuguesa. Tudo isso veio a causar muita destruição e genocídio de africanos, lembrando que a escravidão atlântica foi o maior impacto do continente africano ocasionando muita miséria e desigualdade.
    Percebe-se, então, que o processo de roedura começa a se esboçar com os portugueses, pois a espoliação africana, tanto nas riquezas, quanto a dos negros, demonstra em certo modo uma economia baseada na apropriação ou até um pré-imperialismo, mesmo que os portugueses não sejam imperialistas.

    [...] como aceleraram o processo de “roedura” do continente e tornaram acaloradas as discussões sobre a partilha, precipitadas pela forte crise do Império Otomano e pelo final do trato negreiro. O marco foi à conferência de Berlim, cujas conseqüências para a África fazem-se presentes até os dias atuais. (HERNANDEZ, 2005, p. 59).
    Esta afirmação de Hernandez nos faz entender oque foi o processo de ´´ roedura ´´ de uma certa forma que tal processo acabou por representar um chamamento para organizar oque de fato já estava ocorrendo .
    Em 1884, Bismarck aparelha a Conferência de Berlim, com a finalidade de organizar a partilha da África, em 1885 quando contou com a participação de países de grande poder econômico como : França, Inglaterra, Portugal, Alemanha, Bélgica, Itália, Espanha, Áustria-Hungria, países Baixos, Dinamarca, Rússia, Suécia e Noruega, Turquia e Estados Unidos da América.

    Contudo a conferencia de Berlim foi organizada para se fazer a partilha da África com o objetivo de legalizar ou legitimar os abuso ao continente delimitar qual pais ira explorar qual área, a Europa ficou com a maior parte. E com isso dar continuidade a algo que já havia iniciado desde o século XV. Então a partilha foi o resultada da conferencia e a ´´ roedura´´ é uma metáfora ou conceito que foi dado por Ki-Zerbo para definir o processo de exploração ou ´´roedura´´ não apenas das riquezas naturais desses povos mais também culturais, religiosos moral etc.




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  9. Os processos de "roedura" e "partilha" da África possuem definições distintas, além de terem ocorrido em momentos diferentes da História.
    Desde meados do século XV, expedições foram lançadas no Oceano Atlântico afim de explorar os recursos naturais do continente africano. Atualmente estas expedições, que ocorreram gradativamente ao longo dos séculos, são associadas a expedições de reconhecimento iniciadas pelos portugueses. Aos poucos mais países europeus estavam envolvidos no processo de "roedura", visando explorar as riquezas hídricas e minerais traçando rotas e mapeamento das regiões, estabelecendo laços de "amizade" com lideres religioso e com povos, a princípio na costa e posteriormente no interior do território.
    A "partilha" da África ocorre na Conferência de Berlim com a presença das potências europeias que definem o destino de nações africanas reduzindo-as a colonização.
    As consequências dessa "partilha" da África ainda são sentidas atualmente em países que sofreram com a ocupação de europeus. É importante salientar a resistência que os africanos impuseram contra a ocupação européia, não aceitando a dominação e a exploração da Europa.

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