domingo, 31 de julho de 2016

PARA OS DISCENTES DO SÉTIMO SEMESTRE, ALAGOINHAS, CAMPUS II - AULA 02:

Problemas de periodização: quais os sentidos e significados de eventos históricos ocorridos na Europa (e tomados como referência universal) para o continente africano? É possível estabelecer validade da periodização quatripartite para a História da África?

6 comentários:

  1. Ao assumimos a periodização quadripartite como parâmetro para o estudo da História da humanidade estamos automaticamente tornando os eventos que são marcos temporais que balizam esse modelo como universais e/ou com significância para todas as sociedades humanas espalhadas pelo globo terrestre, todavia encontramos neste momento o entrave para assumimos tal periodização para a História da África, onde tais eventos não tiveram nenhuma influência/consequência, tomemos por exemplo a revolução francesa, qual a influência deste evento sobre os povos do Império de Gana? podemos afirmar que nenhuma ou seja não podemos adotar tal periodização que é definida por eventos eurocêntricos para determinamos o estudo da História de povos que lhes eram totalmente alheios e autônomos.

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  2. Por vezes a História nos prega peças. Longos anos de muitas produções buscando conhecer o continente africano, julgando estar produzindo um conhecimento que ao menos se aproximasse das "Áfricas que existe na África", entretanto, a Clio tem seus caprichos, não se dobra a reducionismos e simplificações. Cada caso é um caso! Bem dizia o populacho em expressão consagrada. Pensemos as Áfricas sempre no plural, na singularidade de suas partes "eurocentricamente" ajuntadas, e, como tudo que é único, não deve ser silenciado pelas vozes dos "vencedores de agora", como nos lembra Benjamin. É necessário que lancemos o nosso olhar, não para a carruagem pomposa onde desfilam os donos do discurso hoje dominante, ao contrário, devemos olhar para o chão, eis que lá estão, pisoteados os agentes históricos que não triunfaram.
    A tarefa de fazer falar povos silenciados e traumatizados pelo galopar fugaz da História Europeia, é tarefa por demais complexa para se fazer com as categorias de análise tradicionalmente aplicadas a realidades totalmente ímpares. A periodização quatripartite não pode ser transplantada para o continente africano! Enquanto a Europa era balançada pela Revolução Francesa, as diversas cores e jeitos de não ser africanos, viviam suas vidas como se a cabeça decepada do Luis XVI nada os dissesse, e não dizia mesmo! O continente Africano tem seu próprio tempo, sua própria História, por tudo isso, É necessário utilizar categorias e conceitos que nos permitam elaborar uma compreensão destituída dos valores eurocêntricos. “Descolonializemos” nosso olhar para as Áfricas, assim mesmo, no plural! Eis o convite.

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  3. Os legados que a historiografia europeia deixou na escrita da história universal, acabou gerando problemas de métodos quando nos referimos a África. Afinal, alguns marcos considerados como por exemplo, a Idade Média, Renascimento e outros eventos que ocorreram na Europa, não podem servir de parâmetros para definir a História da África. Até mesmo as datas que servem para demarcar o período da colonização no continente, não se configuram como um dado terminado. Quando se trata do continente africano, o conceito de heterogeneidade deve sempre ser aplicado. Os acontecimentos não sucederam de forma orquestrada simultaneamente, eles obedeceram uma singularidade decorrente da especificidade de cada lugar de acordo com cada cultura.

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  4. A análise dos acontecimentos na História da África não devem ser conectadas aos acontecimentos na Europa, pois a pluralidade dos povos africanos não são de fácil compreensão e não estavam conectados aos momentos históricos europeus, todavia não podemos afirmar que em alguns pontos foram sim atingidos por acontecimentos europeus, mas ao identificar e estudar a História da África é notório que épocas e acontecimentos históricos não estão andando de forma paralela. Os povos da África, viviam seus próprios costumes e desfrutavam de sua cultura (cada povo com sua crença), seguindo esse passo importante na história do continente, podemos afirmar que a influência do legado europeu pouco influenciou a cultura e pensamento do povo africano.

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  5. Segundo Ki-Zerbo se tratando da problemática da periodização do continente africano, os conjuntos cronológicos da Europa não têm a mesma definição para África. O eventos como a Queda da Bastilha por exemplo que representava o maior símbolo do poder absolutista Frances e sendo tomada pela Revolução Francesa em 1789, tornou-se também um marco da Revolução. Assim como a Revolução Soviética de Outubro, apesar de serem acontecimentos tão expressivos para a história universal, “não podem servir de marcos específico para a História da África”. A própria data da colonização não constitui a única e principal maneira de se ordenar toda a história deste continente. Para ele a contemporaneidade africana se dá com a Conferência de Berlim que marca a divisão do território africano pelas potências européias (com exceção da Libéria e Etiópia).
    Entre outras questões Ki-Zerbo também ressalta que não existe uma separação nítida dos períodos cronológicos na África, já que cada região possui características particulares e heterogêneas. Entretanto esses marcos cronológicos são importantes para desconstruir a visão eurocêntrica mantida pela historiografia tradicional sobre a História do continente africano.

    Apesar da historiografia tradicional ter a Conferência de Berlim como a responsável pela partilha da África alguns estudos mostram que essa partilha começou muito antes deste evento a partir do processo de´´ roedura´´. O processo de “divisão” da África ocorreu muito antes da Conferência de Berlim, segundo Leila Hernandez, foi graças ao desempenho de missionários e exploradores que o continente começou a ser “rasgado”. Os missionários pretendiam levar a evangelização até esses povos, e tentavam empreender a conversão dos africanos não apenas ao cristianismo, mais também ao conjunto de valores da cultura européia além de realizar pregações contrárias a uma série de ritos sagrados locais que minava a influência dos chefes africanos.


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  6. A periodização quadripartite não possui validade para delimitar os marcos da História da África. Os eventos que marcaram a história da Europa foram compartilhados, sobretudo, por países ocidentais e pouco ou quase nada influenciou as sociedades dentro do território africano.
    Em uma de suas falas, Ki-Zerbo evidencia que não existe marcos históricos bem definidos nas regiões da África. Além disso, ele chama a atenção dos historiadores envolvidos em pesquisas voltadas para a história da África em não simplesmente reproduzir conceitos construídos por europeus e os introduzir na historiografia africana. É necessário realizar o exercício de construção e valorização dos processos políticos e
    culturais da África.

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